Adoro fim de ano; Natal. Ano novo. férias. E tudo que acompanha o fim de ano; Verão. Viagens. Compras. Compras. Compras. Mas putz, sou uma cidadã de classe média. Esse é meu primeiro natal como assalariada. Então, bateu aquela sindrome de papai noel. Quero dar presente pra todo mundo. Mesmo que seja uma lembrancinha barata de uma loja de departamentos.
Mas, o que me incomoda de tudo isso, é que, ao pisar no primeiro degrau de entrada da minha fonte de presentes, sempre, e repito SEMPRE, tem uma mocinha (ou mocinho) ABENÇOADA com uma prancheta na mão, e aquela cara sorridente desesperada, "MOÇA, JÁ TEM O CARTÃO DA LOJA?". PORRA!
Antes eu era ingênua, falava a verdade, não, não tenho o cartão da loja. Aí eles se jogavam em cima de mim como urubus em cima de carniça me falando, sobre as 50 mil vantagens do cartão da loja, dos juros reduzidos, descontos, a facilidade de pagamento. Enfim, eu ouvia. Sempre balançando a cabeça, demonstrando que eu não queria. Não funcionava. Eu demorava uma enorme quantidade de tempo pra conseguir me afastar da oferecedora de cartão da loja.
Depois de um tempo, e já conhecendo todos os beneficios de cartões de várias lojas. Eu decidi criar uma tática. Iria, continuar falando a verdade, mas dizer logo de cara que não queria a porra do cartão da loja.
Fui testar minha teoria, vi uma daquelas pessoinhas com o mesmo olha de desespero de todas as outras que tem essa função se aproximar, e soltar o infímo: - MOÇA? JÁ TEM O CARTÃO DA LOJA?, larguei logo: - Não. Mas não tenho interesse em ter. Muito obrigada. E saí triunfante. Achando que tinha encontrado a saída. Eis que ouço uma voz do além que diz: Mas porque moça? Paro e penso. DESGRAÇADA. Não pensei numa resposta boa pra essa. Aí fui envolvida de novo, pela teoria de vantagens, descontos, facilidade de pagamento, o escambal. Meia hora depois, consegui enfim convencer a mocinha de que realmente ela não tinha chance nenhuma de conseguir meu cpf pra fazer o meu cartão da loja.
Então, um belo dia. Um amigo meu, me chama pra ajudá-lo a fazer suas compras natalinas. Eu vou com prazer. Claro, adoro fazer compras. Aí ele me fala, Tiffany, vamos entrar naquela loja ali, quero ver uma blusa pra uma amiga. Eu sorrio hesitante e aceito. Pensando logo, nos meus queridos amigos oferecedores de cartão. E quando a gente entra na loja, óbviamente vem a criatura saltitante, de prancheta na mão, olhos desesperados, e sorriso petrificado, mas dessa vez ela fala com o meu amigo (graças a Deus): - MOÇO? VOCÊ TEM O CARTÃO DA LOJA?
Ele responde sério, e confiante: Tenho, muito obrigado. A oferecedora diz: Muito obrigada. E se afasta rapidamente, como se nós tivessemos algum tipo de doença contagiosa.
Eu perplexa pergunto: - Sério que você tem o cartão daqui?
Ele diz: Não, mas se eu falo que tenho, eles se afastam.
Sério que era só isso que precisava? Aiai.. eu e minha mania de ser sincera.